
É engraçada a forma como o ser humano se encara a si próprio. Quem é que nos conhece? Nós próprios, que sabemos como foram todos os dias em que pisámos a Terra? Ou os outros, que nos
vêem quando calha e fazem a nossa imagem aos seus olhos? Não será a nossa visão, uma única visão subjectiva, muito menos valiosa do que um conjunto de visões subjectivas que avaliam o mesmo objecto, nós próprios?
Então, sou aquilo que penso que sou? Ou aquilo que os outros pensam que sou?
A nossa visão do mundo é sempre egocêntrica. Eu sou sempre a personagem principal da minha vida. Eu tenho qualidades, eu tenho defeitos, eu aprecio umas coisas, eu não gosto de outras, eu, eu, eu, eu…
E se eu falar de outra pessoa? E se outra pessoa falar de mim? E se eu falar de outra pessoa com outras pessoas? E se várias pessoas falarem de mim? O que vale mais?
Sem outros não somos nada.
Opto então por dizer que sou uma pessoa “normal”, dentro do meu conceito de normal, o que é, também, variável.