Pensamentos, críticas, desabafos e outros que tal.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Avó Dette


Agradeço a presença de todos os que compareceram na despedida da minha avó, Claudette Albino. Agradeço sobretudo a amizade.
Nos últimos meses a saúde da minha avó esteve bastante debilitada, no entanto a minha avó sempre foi uma mulher de força. Por isso, a mensagem que quero transmitir é uma mensagem de alegria e vida. Não quero que recordem a morte da minha avó, quero que recordem a sua vida. A minha avó para além de uma excelente profissional, cidadã e amiga era uma mulher extraordinária.
Foi a minha avó que me ensinou a ler antes de entrar na primeira classe, ensinou-me também a tabuada enquanto jogávamos a bola. Podia contar centenas de episódios da vida da minha avó no entanto demoraria uma eternidade. Elegi dois que penso que transmitem bem a mulher que eu quero que lembrem.
Certo dia, estava com a minha avó no sótão de sua casa. A minha avó estava de gatas a ensinar-me a saltar ao eixo quando entra o meu avô e diz “Claudette, olha que tu pela tua neta só não fazes o pino!”. A minha avó logo respondeu “Não faço, mas fazia. E se calhar ainda faço”. Nisto, fecha a porta do sótão, encosta-se à parede e faz o pino. A partir desse dia a frase do meu avô alterou-se, deixou de ser “… só não fazes o pino” e passou a ser: “Claudette, pela tua neta, até fazes o pino”.
Uns anos mais tarde, no quintal dos meus avós, caiu de um ninho um passarinho que ainda não sabia voar. A minha avó acolheu-o, levámo-lo para dentro de casa e pusemo-lo numa caixa com uma manta e um prato com pão aguado. Ao final da tarde fomos vê-lo e ele não tinha comido nada. A minha avó pegou-lhe, pôs o pão aguado na boca dela e alimentou o passarinho que debicou a comida dos seus lábios.
Esta é a Avó Dette, a minha avó. Esta é Claudette Albino. A mulher que me mimou e acarinhou sempre, a mulher que me ensinou com amor e seriedade a importância de ser uma boa cidadã, levando-me com ela a eventos dos Lions, a mulher que até hoje e em toda a minha vida, me fará crescer.
Considero-me a sua neta mais sortuda por ter tido a alegria de viver com ela durante mais tempo e em anos em que a saúde era outra.
A minha avó era a Avó, no verdadeiro sentido da palavra. A Avó que educa, e que “deseduca”, no sentido de brincadeira da palavra. A avó que em idas ao cabeleireiro, quando eu era mais pequena, me deixava escolher os cortes de cabelo e fazer as madeixas que a minha mãe não deixava, porque eram de facto horríveis, mas na altura eu adorava e ficava felicíssima só por poder decidir.
A minha avó é o meu ídolo e agora espero que ela possa realizar o seu último desejo: reunir-se à sua avó, uma mulher de quem também muito me falou, julgo que pelos mesmos motivos que me farão falar para sempre dela.
A minha avó é sem dúvida uma das mulheres mais extraordinárias que, todos os que com ela conviveram de alguma forma, tiveram a oportunidade de conhecer.
Obrigada.

Ana Cláudia Cardielos

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Férias!

Notícia de última hora:
Estou de férias e A Caneta também. Provavelmente até Setembro.
Beijos a todos. Divirtam-se.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

O Aveirinho




Bem, este blog está um tanto ou quanto filosófico e "pseudopoucoveraniante", nada pragmático. Acho que está na altura de lhe trocar um bocadinho as voltas. Afinal de contas, é verão e, para bem ou para mal, os exames passam a correr por isso mais vale começar já a "pôr bronzeador" neste bicho.
No entanto, a passagem não pode ser assim tão radical.
Protector solar factor 15:
Deixo alguma filosofia imagética, reflectida em alguns recantos aveirenses que me passam pela vista diariamente e que, também diariamente, são objectos ignorados pela minha pessoa "formiga"...
Concluam.






quarta-feira, 3 de junho de 2009

A minha perspectiva de Sentido da Vida

Remover formatação da selecção
O Futuro genérico não existe.
Vive-se apenas uma sucessão de “Presentes”.
Recordam-se apenas alguns e dá-se-lhes o nome de Passado.
O único Futuro que tenho tomado por certo é o momento que nunca irei Viver, pois já não existirei nessa condição de vida.
Se apenas tenho Presente, não trabalho para a minha felicidade ou vida Futura mas vivo apenas o Presente. Se viver sempre a pensar num “Futuro”, nunca viverei verdadeiramente e só repararei que perdi uma enorme quantidade de “futuros/presentes” quando for tarde.
Erro sempre que não fizer o que me faz sentir bem em cada momento, e apenas isso considero e admito como erro.
Sou livre e responsável por todos os meus actos. Nada me determina.
E o único sentido comum que vejo para a Vida é o Amor, não como definição lamechas e romântica, mas antes como único factor criador de verdadeira felicidade. Toda a felicidade proveniente de factos como o trabalho, a família, os amigos ou simples momentos de qualquer coisa, não têm como pano de fundo nada que não seja Amor, em qualquer das suas formas ou adaptações.
Da racionalidade, para encarar cada momento com paz e discernimento, faço o caminho para algo emocional, superior e que tomo como único fim (com sentido), como a felicidade.
A meu ver, o conhecimento científico só se torna realmente útil quando “desce” ao senso comum, tornando-se pragmático e acessível a toda a comunidade, não sendo apenas algo possível para um restrito grupo de pessoas.
O tempo não me é mais do que uma linha de momentos, uma combinação de números que permite encontrar pessoas mais ou menos num determinado momento e ainda algo que me permite uma visão cíclica para recordar o passado. Mentalmente, não me restringe.
Sendo a morte algo certo, a existência algo único e singular e os “outros” um grupo de seres que me olham como uma natureza permanente com determinadas características, não tendo em conta a subjectividade inerente a cada individuo nem o seu processo de desenvolvimento e transformação, poderia encarar a vida como algo absurdo, sem sentido. Mas não o faço só pela existência da abstracção felicidade.

terça-feira, 5 de maio de 2009

A Vida de Café

A vida de café distrai-me, entra gente, sai gente, conversa vai, conversa vem, mas quando tudo pára ou vou embora, tenho consciência de que não passam de momentos dispersos e que nada me arruma a cabeça. Apenas me faz esquecer de mim própria durante umas horas. Não será esta liberdade ilusoriamente positiva? Sinto-me livre e despreocupada mas quando saio só me sinto livre e vazia, sozinha no meu mundo outra vez. Fazem falta as situações menos “plásticas”.
Torna-se difícil tomar decisões racionalmente, 25% são tomadas por impulso, outras 25% dão para ficar a pensar em como teria sido se tivesse ido por outro caminho.
Iludo-me numa tentativa absurda de encarar a vida de outra forma, quando nada à volta é verdadeiro.

domingo, 3 de maio de 2009

Quem sou eu?

É engraçada a forma como o ser humano se encara a si próprio. Quem é que nos conhece? Nós próprios, que sabemos como foram todos os dias em que pisámos a Terra? Ou os outros, que nos vêem quando calha e fazem a nossa imagem aos seus olhos? Não será a nossa visão, uma única visão subjectiva, muito menos valiosa do que um conjunto de visões subjectivas que avaliam o mesmo objecto, nós próprios?
Então, sou aquilo que penso que sou? Ou aquilo que os outros pensam que sou?
A nossa visão do mundo é sempre egocêntrica. Eu sou sempre a personagem principal da minha vida. Eu tenho qualidades, eu tenho defeitos, eu aprecio umas coisas, eu não gosto de outras, eu, eu, eu, eu…
E se eu falar de outra pessoa? E se outra pessoa falar de mim? E se eu falar de outra pessoa com outras pessoas? E se várias pessoas falarem de mim? O que vale mais?
Sem outros não somos nada.
Opto então por dizer que sou uma pessoa “normal”, dentro do meu conceito de normal, o que é, também, variável.

A dona da caneta: